terça-feira, 24 de abril de 2018

O amor e o dedo podre



Enquanto avançamos no texto A Dinâmica da Transferência (1912), nos deparamos com um ponto no qual Freud descreve, ainda que brevemente, uma certa forma de encontrar e escolher amores, forma essa conhecida popularmente como Dedo Podre. Expressão destinada a pessoas que por diversas vezes escolhem seus pares de forma reiteradamente equivocada, recebendo esta alcunha de amigos e familiares. Podemos considerar como exemplo uma mulher que acaba sempre em relacionamentos que envolvem agressão ou que terminam com traição por parte do seu cônjuge.

Freud destaca no texto: "Se a necessidade que alguém tem de amar não é inteiramente satisfeita pela realidade, ele está fadado a aproximar-se de cada nova pessoa que encontra com ideias libidinais antecipadas; e é bastante provável que ambas as partes de sua libido, tanto a parte que é capaz de se tornar consciente quanto a inconsciente, tenham sua cota na formação dessa atitude" (Freud, 1912/1996, p.112).

Diante desta passagem é possível inferir que os comuns dedos podres possuem uma cota libidinal antecipada que guia cada nova escolha amorosa. É justamente a necessidade de satisfazer a esta cota que nos impele novamente aos mesmos tipos de relação, ainda que sejam relações desprazerosas de uma maneira geral.

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