sexta-feira, 18 de maio de 2018

Facetas da transferência


   Encerrando nossos estudos e debates acerca do texto A Dinâmica da transferência (1912), e nesse ponto Freud chega à discussão de dois tipos de transferência. Os mesmos que respondem a nossa última discussão sobre a transferência: como o principal componente da análise pode se tornar o seu problema central?

   Para responder a essa questão Freud chega à proposta de uma divisão polar da transferência. A transferência agora se divide em positiva e negativa: “ temos de nos resolver a distinguir uma transferência ‘positiva’ de uma ‘negativa’, a transferência de sentimentos afetuosos da dos hostis e tratar separadamente os dois tipos de transferência para o médico” (Freud, 1912/1996, p. 116)



   A transferência negativa aqui se define a partir da hostilidade, o paciente que desenvolve ódio, antipatia,repulsa para com a figura do analista, fazendo com que a análise não chegue a acontecer nesse perfil transferencial.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Transferência como resistência

Ainda avançando no texto A Dinâmica da Transferência (1912), Freud traz como um enigma, até então intacto, o porquê de a transferência aparecer como uma resistência poderosa no processo de análise.
Para tentar abordar a questão mais de perto, Freud faz uso do termo junguiano introversão, que seria equivalente a dizer que a porção da libido capaz de chegar a consciência, voltada para a realidade, é diminuída, e a porção que é apartada da realidade, inconsciente, mesmo que ainda alimente as fantasias do indivíduo, é aumentada proporcionalmente, remetendo à ideia de economia psíquica. Diante de um equilíbrio inicial, ao se retirar energia do mundo externo, aumenta-se a mesma no mundo interno, uma vez que a energia é constante.
Regredir e fazer essa introversão diz de algo do mundo externo que não agradou aquele sujeito e ele quis investir aquela energia internamente. Assim Freud dá seguimento ao texto dizendo do ponto em que as investigações analíticas tocam esse esconderijo da libido, ali o combate se irrompe e essa seria uma fonte de resistência.
Uma segunda fonte de resistência, tida como a mais forte entre ambas, seria a própria atração do inconsciente que precisa ser sobrepujada, ou seja, “o recalque das pulsões inconscientes e de suas produções, que entrementes estabeleceu no indivíduo, deve ser removida” (Freud, 1912/1996, p. 114), constituindo assim, um trabalho para o analista lutar contra as forças de resistências que se originam em ambas as fontes.