segunda-feira, 4 de setembro de 2017

O sadismo é primário ou secundário? Parte 2

Dando seguimento à ideia proposta por Freud sobre os pares de opostos, podemos nos orientar melhor pela ordem abaixo, que se apresenta na página 135 da edição de 1996 (o texto deste esquema tem uma tradução muito ruim, por isso tomamos nossa própria tradução):
0 – Uma pessoa olhando para o próprio órgão sexual. Aqui em um sentido de autoerotismo, quando o indivíduo ainda não tenha uma elaboração do eu (letra α do esquema).
1 – Uma pessoa olhando para um órgão estranho (voyeurismo). Nesse estágio há a elaboração do eu e essa pulsão se dá de forma que o indivíduo exerce um papel ativo; no qual ele direciona o olhar ao outro (letra β do esquema).
2 – O próprio órgão sexual é olhado pela pessoa. Aqui, apesar de o indivíduo ter exercido um papel ativo, esse papel é retornado a ele mesmo pelo abandono do objeto (sem letra no esquema freudiano, é o item acima à direita. Pela proposta freudiana, vemos que há uma relação entre este ponto e o ponto α).
3 – O órgão da própria pessoa é olhado por uma pessoa estranha (exibicionismo). Nesse tópico o sujeito exerce uma função passiva, uma vez que ele é o objeto para o outro observar (letra γ do esquema freudiano).

Se pensamos no masoquismo como algo que é primário, podemos nos utilizar da imagem abaixo para um maior entendimento, sendo S o sujeito:
Nela, o sadismo é revertido para a própria pessoa como forma de masoquismo.
Já na hipótese de o sadismo ser primário, seria interessante pensarmos da seguinte maneira:
  
Podemos perceber então, que, seguindo a ordem proposta pelo texto, as etapas se dariam dessa forma:
0 – Autoerotismo (ainda que possamos pensar mais uma fase dentro deste item, o narcisismo primário, posterior ao autoerotismo)
1 – Ativo
2 – Reflexivo
3 – Passivo

Esta forma com números é a mesma exposição da forma freudiana com letras gregas (α, β, sem letra e γ). Podemos então pensar um esquema que englobe todos os pontos, como um resumo:
Se nessa fase preliminar, considerarmos o autoerotismo como algo próprio e unicamente do sujeito, podemos então pensar numa pulsão que se origina pela e na própria pessoa. Porém, como a discussão se estende para além desse quesito, não devemos limitar à ela a continuidade dos nossos estudos.


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