quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Os destinos da pulsão II – retorno em direção à própria pessoa

Como já discutido anteriormente no blog, Freud se limita a discutir os percursos pulsionais na reversão em seu oposto e no retorno em direção à própria pessoa. Se na primeira delas a mudança se remete à reversão da finalidade/meta da pulsão, no retorno de uma pulsão à própria pessoa há uma mudança no objeto da pulsão. Por exemplo, nesse último caso, enquanto o sadismo direciona esse objeto ao outro, no masoquismo há o retorno na própria pessoa. Visto isso, “a essência do processo é, assim, a mudança do objeto, ao passo que a finalidade permanece inalterada.” (Freud, 1915/1996, p.132, grifos do autor)

Para facilitar o entendimento dessa proposta nos opostos sadismo-masoquismo; podemos utilizar a figura abaixo, que apresenta os três tempos do processo como um todo:

No primeiro tópico, o sadismo acontece quando alguém (sujeito, ativo) exerce poder ou violência em relação a outrem (objeto, passivo); já no segundo, a própria pessoa substitui esse lugar do objeto abandonando, havendo a modificação de uma finalidade/meta ativa para passiva; no terceiro tópico, a partir dessa alteração da finalidade da pulsão, aquele que era o objeto passa a ser quem assume a parte ativa (sujeito) na relação e trata o antigo agente, agora objeto, de maneira passiva. Assim sendo, a satisfação pulsional também continua a mesma que no sadismo original.
É preciso levarmos em consideração a atuação do segundo tópico também na pulsão sádica encontrada na neurose obsessiva, porém, o percurso do processo se limita ao segundo tópico, sem a atitude de passividade em relação a outrem, dando um caráter de autopunição e não de masoquismo, haja vista que não há a busca de um outro como sujeito para atuar de forma ativa. 

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