Nossos bolsistas Luísa Costa e Mateus Martins apresentando o trabalho fruto das atuais leituras sobre Os Conceitos Fundamentais da Psicanálise, no 1º Encontro de Pesquisa e Extensão da UEMG - Unidade Divinópolis. Foi um evento local que fez parte da primeira etapa do 20º Seminário de Pesquisa e Extensão da UEMG. Nosso trabalho foi selecionado para ser apresentado em Belo Horizonte onde ocorrerá o 20º Seminário de Pesquisa e Extensão da UEMG.
terça-feira, 30 de outubro de 2018
domingo, 23 de setembro de 2018
O estado amoroso no tratamento analítico e o ‘amor genuíno’ – o manejo e a linha de ação do analista
Já caminhando para o final do texto Observações sobre o amor transferencial (1915[1914]/1996), Freud segue em suas orientações para o analista diante do possível estado amoroso de seu paciente. O autor reitera o fato de o amor transferencial ser provocado pela situação analítica, ser intensificado pela resistência que ali habita e ser tomado por uma falta de sensatez e de noção da realidade. Sendo essas últimas características algo do essencial de se estar apaixonado. Freud acentua a primeira das caraterísticas citadas acima como norte dessa ação uma vez que o analista evocou esse amor ao iniciar e instituir o tratamento analítico. E diz, mais uma vez, como é evidente que o analista não tire vantagem dessa situação, independente da disposição da paciente, a responsabilidade é sim, sem margens para dúvida, do manejo do analista.
Os motivos éticos e técnicos que impedem que esse amor seja dado a paciente tem como objetivo não perder de vista o cerne do tratamento que é o reestabelecimento dessa paciente diante dessas situações que ela atualiza no processo analítico. Ou seja, não esquecer que o ponto de tudo isso é justamente que essa paciente que encontra seu modo de amar prejudicado por suas fixações infantis, se emancipe e adquira um certo controle frente a esse conflito.
Freud aponta que, pode não ser uma tarefa fácil para o analista se manter entre esses limites da ética e da técnica, uma vez que “O amor sexual é indubitavelmente uma das principais coisas da vida, e a união da satisfação mental e física no gozo do amor constitui um de seus pontos culminantes.” (FREUD, 1915[1914]/1996, p.186). Mas volta ressaltar que é inteiramente impossível para o analista ceder a essas demandas. Há de se prezar sempre a oportunidade de ajudar a paciente naquela parcela decisiva de sua vida. É tarefa do analista que sua paciente aprenda com ele a superar o princípio do prazer e a ser conduzida por caminhos mais libertos do que aqueles primevos da infância que instauraram seu modo de amar.
Mais uma vez, o que de mais importante se exalta nesse fim de texto, é a recomendação diante da linha de ação do analista, ou seja, seu manejo do amor de transferência. O autor termina o texto enfatizando a importância não só de travar essa batalha contra ele mesmo, sua mente e tudo o que pode rebaixá-lo a um nível não analítico mas de também controlar essa poderosa e explosiva ferramenta que se dá no amor transferencial.
Os motivos éticos e técnicos que impedem que esse amor seja dado a paciente tem como objetivo não perder de vista o cerne do tratamento que é o reestabelecimento dessa paciente diante dessas situações que ela atualiza no processo analítico. Ou seja, não esquecer que o ponto de tudo isso é justamente que essa paciente que encontra seu modo de amar prejudicado por suas fixações infantis, se emancipe e adquira um certo controle frente a esse conflito.
Freud aponta que, pode não ser uma tarefa fácil para o analista se manter entre esses limites da ética e da técnica, uma vez que “O amor sexual é indubitavelmente uma das principais coisas da vida, e a união da satisfação mental e física no gozo do amor constitui um de seus pontos culminantes.” (FREUD, 1915[1914]/1996, p.186). Mas volta ressaltar que é inteiramente impossível para o analista ceder a essas demandas. Há de se prezar sempre a oportunidade de ajudar a paciente naquela parcela decisiva de sua vida. É tarefa do analista que sua paciente aprenda com ele a superar o princípio do prazer e a ser conduzida por caminhos mais libertos do que aqueles primevos da infância que instauraram seu modo de amar.
Mais uma vez, o que de mais importante se exalta nesse fim de texto, é a recomendação diante da linha de ação do analista, ou seja, seu manejo do amor de transferência. O autor termina o texto enfatizando a importância não só de travar essa batalha contra ele mesmo, sua mente e tudo o que pode rebaixá-lo a um nível não analítico mas de também controlar essa poderosa e explosiva ferramenta que se dá no amor transferencial.
O psicanalista sabe que está trabalhando com forças altamente explosivas e que precisa avançar com tanto cautela e escrúpulo quanto um químico. Mas quando foram os químicos proibidos, devido ao perigo, de manejar substâncias explosivas, que são indispensáveis, por causa de seus efeitos? (FREUD, 1915[1914]/1996, pp.187-188)
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
O corretor de seguros e o pastor: O impossível do amor transferêncial
Após considerar o enamoramento para com a figura do analista, Freud apresenta um cenário no qual paciente e analista estariam livres para se enamorar: Ele nos convida a reflexão: “O que aconteceria se o médico se comportasse diferentemente e, supondo que ambas as partes fossem livres, se aproveitasse dessa liberdade para retribuir o amor da paciente e acalmar sua necessidade de afeição?” (FREUD 1915[1914]/1996, p.182).
Freud aponta que se o objetivo do médico fosse ter domínio sobre a paciente e a partir daí liberá-la de suas neuroses, o tratamento demonstraria que seu objetivo é errôneo. A paciente pelo contrário alcançaria seu objetivo, teria o amor de seu médico, uma atuação bem-sucedida. Logo, ele não chegaria no objetivo da análise, mas ela sim. Freud aponta a história do corretor de seguros e do pastor: “O corretor de seguros, livre pensador, estava à morte e seus parentes insistiram em trazer um homem de deus para convertê-lo antes de morrer. A entrevista durou tanto tempo que aqueles que esperavam do lado de fora começaram a ter esperanças. Por fim, a porta do quarto do doente se abriu. O livre pensador não havia sido convertido, mas o pastor foi embora com um seguro” (FREUD, 1915[1914]/1996, p.183).
Freud aponta que apesar dos avanços da paciente na análise, no caminho ulterior do relacionamento amoroso, ela expressaria as inibições e reações patológicas de sua vida erótica, sem a capacidade de corrigi-la, terminando em um grande remorso e fortalecendo ainda mais o seu recalque.
“O relacionamento amoroso, em verdade, destrói a suscetibilidade da paciente à influência do tratamento analítico. Uma combinação dos dois seria impossível” (FREUD, 1915[1914]/1996, p.183).
Logo o analista deve criar um caminho diferente dentro do processo analítico, que não seja satisfazer ou suprimir o amor transferencial. Deve criar um caminho que não existe modelo na vida real. Deve manter o domínio sobre o amor transferencial, controlá-lo ao ponto que seja percebido, mas tratado como irreal, uma relação impossível, só assim o tratamento será conduzido como sucesso.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
De volta aos trabalhos!
Nesta segunda-feira dia 20/08 retomaremos nossas atividades de leitura e discussão acerca dos Conceitos Fundamentais da Psicanálise, mais especificamente da Transferência. A discussão em andamento é a do texto metapsicológico perdido, encontrado apenas muitos anos depois, intitulado: Neuroses de Transferência, uma síntese; também publicado pela Imago no Brasil em 1987.
Os encontros desse segundo semestre serão realizados todas as segundas-feiras, as 17:00, na sala 504, no bloco 5, na UEMG, unidade Divinópolis.
Sejam todos bem-vindos novamente!
Os encontros desse segundo semestre serão realizados todas as segundas-feiras, as 17:00, na sala 504, no bloco 5, na UEMG, unidade Divinópolis.
Sejam todos bem-vindos novamente!
terça-feira, 14 de agosto de 2018
Lançamento do Livro
Livro sobre a Teoria da nominação em Lacan, que será lançado no dia 30/08 em Belo Horizonte. Este livro está sob a direção das professoras Andréa Guerra e Ângela Vorcaro da UFMG.
Roberto Mendonça e Mardem Leandro participam com um capítulo sobre o seminário 14: "A gramática do fantasma como condição da nominação irônica".
Roberto Mendonça e Mardem Leandro participam com um capítulo sobre o seminário 14: "A gramática do fantasma como condição da nominação irônica".
terça-feira, 24 de julho de 2018
Apresentação de trabalho no JNIC em Maceió
Nossa bolsista Aline Caetano, da pesquisa sobre Os Conceitos
Fundamentais da Psicanálise de 2017, apresentando o trabalho no JNIC, durante a
Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió.
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Freud e as possíveis saídas frente a Transferência Erótica
Uma
situação que Freud notou ser comum, digna de nota e que perdura até hoje, é a
paciente se apaixonar, declaradamente ou não, pelo seu analista [até então, apenas
homem e médico]. Diante dessa situação, leigos daquela época, diriam que existem duas saídas
possíveis: que se forme devidamente um casal, e analista e paciente encontrem
formas legais de se unir e permanecer juntos; e a segunda e mais provável, o
tratamento é interrompido e o trabalho é abandonado.
O
próprio autor traz um terceiro caminho que até seria compatível com o
tratamento mas se vê impossível por causa da moralidade e dos padrões
profissionais: paciente e analista iniciariam um relacionamento amoroso
proibido e que não duraria para sempre. Mas como Freud disse, é uma alternativa
impossível e que é claro que um psicanalista tem de encarar as coisas de um
ponto de vista diferente.
Ao
se tomar o segundo desfecho como referência, após a separação entre paciente e
analista, é bem provável que o estado da paciente obrigue-a a procurar outro
analista e partir daí se enamore por ele também, e assim por diante,
indefinidamente. Esse acontecimento é um dos fundamentos da Psicanálise e pode
ser avaliado tanto pelos olhos da paciente como do analista.
Do
ponto de vista do analista, Freud diz se tratar de um esclarecimento valioso e
útil ao tratamento, e adverte:
“Ele deve reconhecer que o
enamoramento da paciente é induzido pela situação analítica e não deve ser
atribuído aos encantos de sua própria pessoa; de maneira que não tem nenhum
motivo para orgulhar-se de tal ‘conquista’, como seria chamada fora da análise.
E é sempre bom lembrar-se disto.” (Freud, 1914/1996)
Já
do ponto de vista da paciente, ela sempre terá a alternativa de abandonar o
tratamento ou de aceitar que se apaixonara pelo seu médico como algo que não se
pode lutar contra.
Freud
ressalta que, apesar das inúmeras possíveis interferências de terceiros nessa
situação, o bem estar da paciente sempre será a pedra angular do tratamento.
Uma vez que esse amor, se analisado, serviria para o restabelecimento da
paciente, até então, enamorada e ainda necessitada de seu médico. A espontaneidade
da situação tem muito a oferecer ao tratamento se manejada da melhor forma
possível. O manejo correto dessa situação, em sua singularidade, é, sem sombra
de dúvida, o que deve ficar como instrução e técnica no método analítico até
aqui e a partir daqui.
quarta-feira, 20 de junho de 2018
Nos bastidores de Observaçoes sobre o amor de transferencial
Com o início da leitura do texto Observações sobre o amor transferencial (1914), que se encontra no volume 12 da Edição Standard, publicado pela Imago no Brasil, saltam aos olhos dois pontos interessantes que falam e reverberam o contexto histórico, a mentalidade e o muro moral da época. Nesse texto a Psicanálise ainda é exercida apenas por médicos, o que só mudou quando em 1925, surgiu um processo judicial contra Theodor Reik por este exercer a Psicanálise de forma ilegal, posto que não era médico, e a partir daí Freud o defender através do texto “A questão da análise leiga” (1925). O segundo ponto é que só homens atendiam nessa época uma vez que era tão inabitual uma mulher médica. Começou-se então uma discussão na época que mulheres não-médicas poderiam ser analistas porque elas trabalhariam apenas psicanálise com crianças e essa prática estava muito mais ligada a pedagogia, com a educação, do que com uma terapia. Eram maneiras distintas de pensar Psicanálise para os homens e para as mulheres. É importante lembrar que a Psicanálise tinha apenas quinze aninhos quando esse texto que estamos trabalhando foi escrito. Nem precisamos falar o quanto isso mudou com o passar dos anos.
quarta-feira, 6 de junho de 2018
Aviso aos navegantes V... Inversão ou Introversão?
Continuando nossa série “Aviso aos navegantes”, dessa vez sobre o texto A dinâmica da transferência (Freud, 1912/1996). Na Edição Standard Brasileira, a primeira nota de rodapé no fim da página 114 [nota 1], contém o seguinte texto: “Esses problemas [o uso de termos ambíguos] incluem o traçado de uma linha de distinção entre inversão e regressão” (Freud, 1912/1996, p. 114). O termo inversão saltou aos nossos olhos durante a leitura uma vez que não tinha sido mencionado o texto até então e que poderia ter havido um engano com o termo introversão, de Jung, que havia sido há pouco citado.
Pois bem, ao ir em busca da versão inglesa de James Strachey, na segunda nota de rodapé da página 102 [nota 2], encontramos a seguinte frase correspondente: “These problems include the drawing of a line of distinction between introversion and regression, (...)” (Freud, 1912/1986, p. 102). Na versão alemã Gesammelte Werke, na terceira nota de rodapé que se inicia na página 367, mas finaliza na página seguinte [nota3], consta o seguinte texto “Die Abgrenzung der Introversion und der Regression gegeneinander” (Freud, 1912/1999, pp. 368).
Esclarecendo assim que há um erro na tradução brasileira da Edição Standard, da Imago. Onde está o termo inversão é, na verdade o termo introversão. Outras versões utilizadas por nós para a leitura do texto, como a da Cia das Letras, as Obras Incompletas, a versão da Editora Delta, e as versões espanholas (Amorrortu e Ballesteros), não contêm este erro.
sexta-feira, 18 de maio de 2018
Facetas da transferência
Encerrando nossos estudos e debates acerca do texto A Dinâmica da transferência (1912), e nesse ponto Freud chega à discussão de dois tipos de transferência. Os mesmos que respondem a nossa última discussão sobre a transferência: como o principal componente da análise pode se tornar o seu problema central?
Para responder a essa questão Freud chega à proposta de uma divisão polar da transferência. A transferência agora se divide em positiva e negativa: “ temos de nos resolver a distinguir uma transferência ‘positiva’ de uma ‘negativa’, a transferência de sentimentos afetuosos da dos hostis e tratar separadamente os dois tipos de transferência para o médico” (Freud, 1912/1996, p. 116)
A transferência negativa aqui se define a partir da hostilidade, o paciente que desenvolve ódio, antipatia,repulsa para com a figura do analista, fazendo com que a análise não chegue a acontecer nesse perfil transferencial.
quinta-feira, 3 de maio de 2018
Transferência como resistência
Ainda avançando no texto A Dinâmica da Transferência (1912), Freud traz como um enigma, até então intacto, o porquê de a transferência aparecer como uma resistência poderosa no processo de análise.
Para tentar abordar a questão mais de perto, Freud faz uso do termo junguiano introversão, que seria equivalente a dizer que a porção da libido capaz de chegar a consciência, voltada para a realidade, é diminuída, e a porção que é apartada da realidade, inconsciente, mesmo que ainda alimente as fantasias do indivíduo, é aumentada proporcionalmente, remetendo à ideia de economia psíquica. Diante de um equilíbrio inicial, ao se retirar energia do mundo externo, aumenta-se a mesma no mundo interno, uma vez que a energia é constante.
Regredir e fazer essa introversão diz de algo do mundo externo que não agradou aquele sujeito e ele quis investir aquela energia internamente. Assim Freud dá seguimento ao texto dizendo do ponto em que as investigações analíticas tocam esse esconderijo da libido, ali o combate se irrompe e essa seria uma fonte de resistência.
Uma segunda fonte de resistência, tida como a mais forte entre ambas, seria a própria atração do inconsciente que precisa ser sobrepujada, ou seja, “o recalque das pulsões inconscientes e de suas produções, que entrementes estabeleceu no indivíduo, deve ser removida” (Freud, 1912/1996, p. 114), constituindo assim, um trabalho para o analista lutar contra as forças de resistências que se originam em ambas as fontes.
Para tentar abordar a questão mais de perto, Freud faz uso do termo junguiano introversão, que seria equivalente a dizer que a porção da libido capaz de chegar a consciência, voltada para a realidade, é diminuída, e a porção que é apartada da realidade, inconsciente, mesmo que ainda alimente as fantasias do indivíduo, é aumentada proporcionalmente, remetendo à ideia de economia psíquica. Diante de um equilíbrio inicial, ao se retirar energia do mundo externo, aumenta-se a mesma no mundo interno, uma vez que a energia é constante.
Regredir e fazer essa introversão diz de algo do mundo externo que não agradou aquele sujeito e ele quis investir aquela energia internamente. Assim Freud dá seguimento ao texto dizendo do ponto em que as investigações analíticas tocam esse esconderijo da libido, ali o combate se irrompe e essa seria uma fonte de resistência.
Uma segunda fonte de resistência, tida como a mais forte entre ambas, seria a própria atração do inconsciente que precisa ser sobrepujada, ou seja, “o recalque das pulsões inconscientes e de suas produções, que entrementes estabeleceu no indivíduo, deve ser removida” (Freud, 1912/1996, p. 114), constituindo assim, um trabalho para o analista lutar contra as forças de resistências que se originam em ambas as fontes.
terça-feira, 24 de abril de 2018
O amor e o dedo podre
Enquanto avançamos no texto A Dinâmica da Transferência (1912), nos deparamos com um ponto no qual Freud descreve, ainda que brevemente, uma certa forma de encontrar e escolher amores, forma essa conhecida popularmente como Dedo Podre. Expressão destinada a pessoas que por diversas vezes escolhem seus pares de forma reiteradamente equivocada, recebendo esta alcunha de amigos e familiares. Podemos considerar como exemplo uma mulher que acaba sempre em relacionamentos que envolvem agressão ou que terminam com traição por parte do seu cônjuge.
Freud destaca no texto: "Se a necessidade que alguém tem de amar não é inteiramente satisfeita pela realidade, ele está fadado a aproximar-se de cada nova pessoa que encontra com ideias libidinais antecipadas; e é bastante provável que ambas as partes de sua libido, tanto a parte que é capaz de se tornar consciente quanto a inconsciente, tenham sua cota na formação dessa atitude" (Freud, 1912/1996, p.112).
Diante desta passagem é possível inferir que os comuns dedos podres possuem uma cota libidinal antecipada que guia cada nova escolha amorosa. É justamente a necessidade de satisfazer a esta cota que nos impele novamente aos mesmos tipos de relação, ainda que sejam relações desprazerosas de uma maneira geral.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Os primórdios da transferência
O
texto A dinâmica da transferência [1912],
foi escrito pouco depois de uma viagem de Freud aos Estados Unidos, quando
proferiu as famosas Cinco lições de
psicanálise, em um momento no qual ele tentava a popularização da Psicanálise
no mundo, inclusive com a criação da IPA – Associação Internacional da
Psicanálise – tendo como primeiro presidente Carl Gustav Jung.
Freud
vê então a necessidade de formalizar de alguma forma a Psicanálise e decide
fazer uma coletânea de artigos que receberá o nome de Artigos sobre técnica. O texto pelo qual iniciamos nossa leitura (A dinâmica da transferência) se encontra
entre esses artigos, apesar de ser um artigo teórico.
Tal
texto se inicia definindo a transferência como algo necessário para o
tratamento psicanalítico e em seguida trata dos primórdios do que poderemos
mais adiante chamar de transferência. Neste início, na própria constituição do
indivíduo, há disposições inatas e algumas influências que o mesmo sofre em sua
infância.
Temos
algo do instintual (e aqui é instinto mesmo) que, junto com as influências que
recebemos na infância vai dizer sobre nosso modo de amar, e esse modo de amar
desembocará então em pré-condições a serem preenchidas; quais pulsões serão
satisfeitas enquanto eu estiver amando, ou seja, o que que se descola do
instinto que eu preciso satisfazer; e também quais as metas dessas pulsões.
É imprescindível que tenhamos aprendido um modo de amar para estabelecermos uma relação com nosso analista. É justamente desse primeiro momento, deste protótipo de vida erótica que iremos nos lançar em nossas relações, inclusive a analítica.
sábado, 31 de março de 2018
Aviso aos navegantes VI... pagando dívidas antigas
Olá a todos,
Ficamos devendo no ano anterior,
quando estudávamos o texto freudiano sobre a Pulsão, uma pequena apresentação
para a nossa série “Aviso aos navegantes”. Esta é bastante interessante por
dois pontos:
· Primeiro não é um erro de tradução que ocorreu entre o alemão
e o inglês, mas sim entre o inglês e o português, ou seja, é um erro da versão
brasileira, sob supervisão de Jayme Salomão;
· Segundo que é um erro de tradução da nota do editor inglês,
James Strachey, e não do texto freudiano.
Vejamos. No terceiro
parágrafo da nota do editor ingles, bem ao fim da página 117 e início da página
118 da edição de 1996, encontramos a seguinte frase: “ele [Freud] descreve
instinto como sendo ‘um conceito situado na fronteira entre o material e o
somático’”.
Bem, não entraremos na
questão da tradução do Trieb por
instinto, mas focaremos em outro ponto – a fronteira entre o material e o somático. É absolutamente estranho. Freud sempre dizia que a pulsão
é o conceito limite entre o anímico e
o somático. Mas entre o material e o
somático? No texto freudiano original, nas três vezes em que esta frase surge
encontramos sempre algo como “Wir fassen
den Trieb als den Grenzbegriff des Somatischen gegen das Seelische” com pequenas
modificações. Nesta frase Seelische
seria o anímico e Somatischen o
somático.
Na versão inglesa de James
Strachey, na página 112 da edição de 1986, a frase que consta na nota do
editor, referente ao trecho que citamos diz: “he [Freud] describe an instict
as ‘a concept on the frontier between the mental and the somatic’”, no que
podemos ver claramente o mental e o somático.
A versão espanhola da
Amorrortu, na página 108 da versão de 1992, diz “define a la pulsión como ‘un
concepto fronterizo entre lo anímico y lo somático’”
O que temos então é que
apenas na versão brasileira encontramos um erro grosseiro de tradução, não
apenas mudando o anímico para o mental, o que poderia ser uma escolha ruim de
tradução, mas mudando o mental para o material, o que é inadmissível.
É interessante que a versão
do Luiz Hanns, tão cuidadosa com a escrita freudiana, cai no mesmo erro da
tradução brasileira, apenas copiando o erro de tradução da Edição Standard
Brasileira.
Bem, é isso. Abraços a
todos
sexta-feira, 16 de março de 2018
Recomeçando as atividades! Vamos falar de Transferência?
É com muita alegria que retomamos nossas atividades de leitura e discussão acerca dos Conceitos Fundamentais da Psicanálise, em nosso grupo de pesquisa da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Para o ano de 2018, buscaremos a compreensão do conceito de Transferência na obra de Freud, iniciando nossa conversa a partir do texto A Dinâmica da Transferência, escrito em 1912, incluído no volume 12 da Edição Standard, publicado pela Imago no Brasil. Outros textos que nos interessam são o Observações sobre o amor transferencial, incluído no mesmo volume, e a Conferência XXVII – Transferência, incluída no volume 16 da mesma coleção. Ainda será de grande importância para nossa discussão o texto metapsicológico perdido, encontrado apenas muitos anos depois, intitulado Neuroses de transferência: uma síntese, também publicado pela Imago no Brasil em 1987.
Os encontros serão realizados todas as terças-feiras, as 17:00hs, na sala 504 do bloco 5, na UEMG, unidade de Divinópolis. A partir dos encontros, nosso blog será atualizado com publicações a respeito do que for discutido, com a finalidade de sempre esmiuçar as ideias de Freud, com um estudo detalhado e da maneira mais alinhada possível as ideias originais elaboradas pelo pai da Psicanálise.
Sejam todos bem-vindos!
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
É
com bastante orgulho que informamos que o nosso trabalho, exposto no 19° Seminário
de Pesquisa e Extensão da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), foi
selecionado como um dos melhores apresentados no evento, que ocorreu em novembro
de 2017 na unidade de Divinópolis. A apresentação foi em formato de pôster, o
qual abrangia as principais informações referentes à pesquisa desenvolvida durante
todo o ano passado (um estudo detalhado sobre a pulsão). Contudo, nosso trabalho
estará concorrendo a uma indicação para a Jornada
Nacional de Iniciação Científica (JNIC), que ocorrerá durante a Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na
Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
As bolsistas Aline e Thais durante a apresentação do pôster no Seminário de Pesquisa e Extensão |
Portanto,
agradecemos a todos os leitores do blog pelo acompanhamento durante todo o ano.
Retornaremos agora em 2018 com mais novidades. Abraços.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
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