Encerrando nossos estudos e debates acerca do texto A Dinâmica da transferência (1912), e nesse ponto Freud chega à discussão de dois tipos de transferência. Os mesmos que respondem a nossa última discussão sobre a transferência: como o principal componente da análise pode se tornar o seu problema central?
Para responder a essa questão Freud chega à proposta de uma divisão polar da transferência. A transferência agora se divide em positiva e negativa: “ temos de nos resolver a distinguir uma transferência ‘positiva’ de uma ‘negativa’, a transferência de sentimentos afetuosos da dos hostis e tratar separadamente os dois tipos de transferência para o médico” (Freud, 1912/1996, p. 116)
A transferência negativa aqui se define a partir da hostilidade, o paciente que desenvolve ódio, antipatia,repulsa para com a figura do analista, fazendo com que a análise não chegue a acontecer nesse perfil transferencial.
a transferência positiva é ainda divisível em transferência de sentimentos amistosos ou afetuosos, que são admissíveis à consciência, e transferência de prolongamentos desses sentimentos no inconsciente. Com referência aos últimos, a análise demonstra que invariavelmente remontam a fontes eróticas (Freud, 1912/1996, p. 116)
A primeira faz com que a análise caminhe, é o combustível da análise. Ela se define pelo sentimento de admiração, tomar no analista como o “Suposto Saber”, como diria Lacan anos depois. A transferência erótica, apesar de estar no campo positivo, é agente da resistência no processo analítico. O paciente que desenvolve sentimentos eróticos em relação à figura do analista se encontrará embebido de resistência, ao ponto não conseguir falar de si para o analista.
Cabe ao analista o manejo ante a dinâmica da transferência, deixá-la sempre no campo amistoso, não caindo para a hostilidade, muito menos para o erotismo. Este manejo é bastante difícil, porém é um dos pontos centrais da clínica analítica.
Não se discute que controlar os fenômenos da transferência representa para o psicanalista as maiores dificuldades; mas não se deve esquecer que são precisamente eles que nos prestam o inestimável serviço de tornar imediatos e manifestos os impulsos eróticos ocultos e esquecidos do paciente. Pois, quando tudo está dito e feito, é impossível destruir alguém in absentia ou in effligie (Freud, 1912/1996, p. 119)
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