sexta-feira, 2 de junho de 2017

Uma prévia sobre pulsão, suas representações e o conhecimento científico


A pulsão é inicialmente citada como “instinto”, quando traduzida do inglês [instinct], ou como impulso/pulsão” quando traduzida do alemão [Trieb]. A pulsão, para Freud, é algo que nunca se torna objeto da consciência pois ela necessita de uma representação [Vorstellung] e ainda de um representante [Repräsentanz] que a conduza até o Consciente. Assim, o que pode vir a se tornar  consciente é o representante desta representação [Vorstellungsrepräsentanz]. Para Freud, no texto sobre O recalque, “além da representação, outro elemento representativo da pulsão tem de ser levado em consideração” (Freud, 1915/1996, p.157). Nesse sentido, partindo da ideia inicial de uma indistinção entre a própria pulsão e seu representante, Freud irá traçar nos textos seguintes, em especial O recalque e O inconsciente, uma distinção mais acentuada entre estes dois pontos.
As nomeações para as moções pulsionais [Triebregingen] surgiram pela primeira vez em Atos Obsessivos e Práticas Religiosas (Freud, 1907/1996), mas já existiam anteriormente caracterizados como excitações ou estímulos endógenos. Podemos diferenciar o estímulo da pulsão a partir de sua constância: enquanto o estímulo se dá como uma força geradora de um impacto, a pulsão atua como uma força que é sempre constante. Até 1910, Freud dizia de uma pulsão sexual que usava da libido como expressão; só depois o conceito de pulsão do eu foi introduzido aos textos como um impulso de autopreservação; a pulsão de morte só vem a surgir no ano de 1920, em Além do princípio de prazer, sendo nela consideradas as pulsões agressivas e destrutivas.
Durante o nosso estudo, nos depararemos com variados conceitos e até mesmo divergências entre eles – como já ocorrido até o momento. Para isso, é importante que saibamos como o conhecimento científico é elaborado, e nesse sentido Freud apresenta uma boa introdução em seu texto Pulsões e destinos da pulsão (1915/1996). A primeira etapa é a descrição do fenômeno a ser o objeto de estudo; as ideias que aparecerem nessa etapa serão os conceitos básicos da ciência; os conceitos científicos só serão elaborados após uma investigação completa no campo da observação, e assim se tornará uma definição.
A pulsão pode ser considerada como um conceito básico, que apesar de essencial ainda necessita de um aprofundamento em seus estudos. Esse conceito esbarra e atravessa conteúdos de diversos ângulos, como por exemplo, o estímulo e estímulo mental em fisiologia. Nesse sentido, tentaremos, nos próximos encontros, estabelecer um diferencial entre estímulos fisiológicos, estímulos instintuais (no sentido biológico) e estímulos pulsionais.

2 comentários:

  1. Freud foi bem cuidadoso ao apresentar o conceito de Pulsão em seu texto "Pulsão e destinos das pulsões " - 1915. Penso que a partir das características pulsionais, trazidas por ele, neste texto, nos ajudarão a pensar e discutir as diferenças entre os estímulos: fisiológicos, instintuais e pulsionais.
    Sigamos!!

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  2. Olá Daniela, agradeço seu comentário. Espero que consigamos sim fazer um bom trajeto por este texto fascinante de Freud. abraços,

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