No decorrer do texto por nós discutido ao longo deste ano, Pulsões e destinos da pulsão, Freud nunca deixa de salientar que a pulsão constitui-se como um conceito ainda obscuro para a teoria psicanalítica, tanto no que diz respeito à sua observação clínica quanto, consequentemente, à sua definição teórico-conceitual. Apesar disso, Freud propõe uma distinção entre pulsão (Trieb) e estímulo (Reiz). Resumidamente, a pulsão pode ser considerada um estímulo aplicado à alma (alma aqui em um sentido muito distante do sentido religioso, simplesmente como aquilo que anima o corpo). Mas o que isso quer dizer? Em primeiro lugar, devemos salientar que a pulsão, de acordo com Freud, surge no organismo, sendo impossível removê-la a partir de uma ação motora. Assim, a pulsão é constante e irremovível. “[...] visto que ela [a pulsão] incide não a partir de fora mas de dentro do organismo, não há como fugir dela” (Freud, 1915, p. 124).
O estímulo, de uma maneira geral, pode ser eliminado em decorrência de uma ação motora em forma de descarga, devido à sua condição externa e momentânea. “Por exemplo, a luz forte que incide sobre a vista não é um estímulo pulsional; já a secura da membrana mucosa da faringe ou a irritação da membrana mucosa do estômago o são” (Freud, 1915, p. 124). Grande parte das edições dos escritos freudianos traduz o termo Trieb (sendo pulsão o termo que mais se aproxima da ideia original proposta por Freud) por instinto. Entretanto, Freud utiliza a palavra Instinkt para designar um determinismo anterior ao ser humano, ou seja, uma repetição cega da espécie. Nesse sentido, a partir da diferenciação terminológica entre pulsão, estímulo e instinto, surge um questionamento acerca do caminho seguido. Há, de início duas possibilidades para a discussão:
Estímulo - instinto - pulsão
ou
Estímulo - pulsão
A questão é se haveria em nós um instinto anterior ao surgimento da pulsão, ou se a dinâmica seria resumida apenas a um estímulo pulsional. Este questionamento ainda se mantém em nosso grupo, e será necessário avançar mais nas leituras para buscar uma resposta mais próxima ao texto freudiano. Esperamos que todos venham conosco nesta busca.
Muito esclarecedor, parabéns pelo trabalho, continuarei seguindo com certeza!
ResponderExcluirObrigado Breno, obrigado por nos seguir. compartilhe com seus amigos também. abraços,
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