Ao discutir os quatro fatores relacionados à pulsão – pressão, finalidade, objeto e fonte – Freud busca suscitar o seguinte questionamento: existem diferentes tipos de pulsões? Se sim, essas se diferem de forma quantitativa ou qualitativa? Ou seja, “que pulsões devemos supor que existem, e quantas?” (Freud, 1915/1996, p.129). Assim, pode-se afirmar que, inicialmente (em se tratando de mera quantidade), as pulsões são semelhantes entre si? Ou, desde sua fonte, essas já se diferenciam umas das outras?
É nesse momento que Freud irá discutir a ideia de pulsões sexuais e pulsões do eu, as primeiras já haviam sido introduzidas nos Três ensaios sobre a sexualidade (1905/1996) e as segundas, segundo James Strachey, em seu artigo sobre A concepção psicanalítica da perturbação psicogênica da visão (1910/1996), ainda que haja algo semelhante ao fim do item 2 da discussão do caso do Pequeno Hanns (1909/1996), quando Freud comenta sobre as pulsões de autopreservação [Selbsterhaltungstrieb]. Nesse sentido, as pulsões do eu remetem àquelas direcionadas ao próprio sujeito, com fins de autopreservação, ao passo de que as pulsões sexuais dizem respeito à energia voltada para o mundo externo, objetivando a preservação da espécie. As neuroses de transferência (fobia, histeria e neurose obsessiva) revelam que a raiz de tais afecções encontra-se em “um conflito entre as exigências da sexualidade e as do eu” (Freud, 1915/1996, p. 130).
É interessante notarmos a caráter de dualidade de muitos conceitos freudianos, os quais encontram-se como pares de opostos em situação de conflito. A partir dessa acepção, podemos realizar uma analogia com os personagens fictícios da DC Comics: Batman e Coringa, pois há algo de inseparável entre os dois, que os mantém vivos e em permanente conflito. Dessa forma, tal como os conceitos propostos por Freud, Batman e Coringa são sempre opostos, mas interdependentes, pois um só existe em correspondência ao outro.
Por sua vez, a presença de pulsões diferentes em sua fonte é indubitável diante de tais teorizações. Entretanto, resta-nos questionarmos sobre a diferenciação qualitativa de tais pulsões. Essa é mais uma questão que, por hora, deixaremos em aberto.
Por sua vez, a presença de pulsões diferentes em sua fonte é indubitável diante de tais teorizações. Entretanto, resta-nos questionarmos sobre a diferenciação qualitativa de tais pulsões. Essa é mais uma questão que, por hora, deixaremos em aberto.
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