Visto
que a diferenciação e a classificação das pulsões não podem facilmente se dar a
partir da elaboração do material psicológico, a biologia tem a contribuição de,
nesse sentido, relacionar as pulsões – sendo o indivíduo o ponto principal, uma
vez que ele age satisfazendo suas necessidades biológicas ele estaria também a
serviço da conservação da espécie.
Considerando
que as pulsões sexuais eram vistas como o único grupo possível de uma
observação isolada (nas psiconeuroses), podemos dizer que são “numerosas,
emanam de grande variedade de fontes orgânicas, atuam em princípio
independentemente uma da outra e só alcançam uma síntese mais ou menos completa
numa etapa posterior” (Freud, 1915/1996, p.131).
Assim,
a meta aspirada por cada uma é o ‘prazer do órgão’ (esse prazer sendo ligado à
um órgão específico do corpo), e somente após alcançar uma síntese é que serão
identificadas com as funções reprodutoras, caracterizando assim as pulsões
sexuais. Essas pulsões, em seu surgimento, estão ligadas à autopreservação (à
uma necessidade), sendo a sua diferenciação feita a partir da sua separação e
também da sua escolha objetal.
Elas
se distinguem principalmente pela possibilidade de agirem umas pelas outras,
sendo possível também uma mudança de objeto e assim, ser capazes de funções que
não se apresentavam diretamente em suas intenções originais, ou seja, capazes
da sublimação.
Os
destinos pelos quais as pulsões passam no decorrer da existência do indivíduo
nas pesquisas freudianas se limitam às pulsões sexuais (que são mais
familiares). Visto isso, os destinos que elas podem atingir são: reversão a seu
contrário, retorno em direção à própria pessoa, recalque e sublimação.
A
segunda opção, retorno em direção à
própria pessoa, é curiosamente traduzida na Edição Standard brasileira como retorno
em direção ao próprio eu (self) do
indivíduo. No original, Freud escreve: “Die
Wendung gegen die eigene Person“, frase na qual não encontramos as palavras
eu [Ich], self [selbst] ou
indivíduo [Individuum]. Lembrando que
o Eu é um conceito em Freud e o self é um conceito em Jung. A versão
brasileira então apenas gera confusão, afastando-se do texto de Freud, que
trata simplesmente da pessoa.
A
partir desses pontos, aprofundaremos o nosso estudo considerando esses destinos
e a forma que a pulsão atua em cada um deles.
Muito importante chamar a atenção para as traições da tradução da obra.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário Alexandre. nossa ideia é justamente buscar o mais próximo possível o sentido original de Freud. continue nos acompanhando. abraços,
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