Após
destacar o fato de que as pulsões surgem no organismo e depois podem ir em
direção ao mundo externo, Freud finalmente discute a respeito dos caminhos
traçados por elas. Entretanto, o pai da Psicanálise se restringe a teorizar
apenas as pulsões sexuais, pois o estudo psicanalítico “[...] só tem sido capaz
de nos proporcionar informações de natureza razoavelmente satisfatória acerca das
pulsões sexuais, pois este é precisamente o único grupo que pode ser observado
isoladamente, por assim dizer, nas psiconeuroses” (Freud, 1915/1996, p.131).
Nesse
sentido, a pulsão pode passar por diversos destinos, sendo eles: a) reversão a
seu oposto; b) retorno em direção à própria pessoa; c) recalque; e, d) sublimação.
Entretanto, Freud discute apenas os dois primeiros percursos pulsionais, visto
que o recalque recebeu um texto em separado, publicado no mesmo ano, 1915, e
aquele referente à sublimação, pelo que nos indicam os historiadores de Freud,
foi perdido.
Nos
deteremos aqui sobre o primeiro possível destino. Assim, “a reversão de uma pulsão
a seu oposto transforma-se, mediante um exame mais detido, em dois processos
diferentes: uma mudança da atividade para a passividade e uma reversão de seu
conteúdo” (Freud, 1915/1996, p.132).
A
mudança da atividade remete à reversão da finalidade/meta pulsional, como, por
exemplo, a mudança do sadismo (torturar) para o masoquismo (ser torturado) e da
escopofilia (olhar) para o exibicionismo (ser olhado). A reversão do conteúdo,
por sua vez, é exemplificada por Freud como uma mudança do amor em ódio. A
reversão da pulsão a seu oposto reflete, portanto, na modificação da meta
pulsional, ao passo de que o retorno em direção à própria pessoa diz de uma
alteração do objeto da pulsão. Entretanto, essa segunda questão será retratada
no texto seguinte.