Olá a todos,
Ficamos devendo no ano anterior,
quando estudávamos o texto freudiano sobre a Pulsão, uma pequena apresentação
para a nossa série “Aviso aos navegantes”. Esta é bastante interessante por
dois pontos:
· Primeiro não é um erro de tradução que ocorreu entre o alemão
e o inglês, mas sim entre o inglês e o português, ou seja, é um erro da versão
brasileira, sob supervisão de Jayme Salomão;
· Segundo que é um erro de tradução da nota do editor inglês,
James Strachey, e não do texto freudiano.
Vejamos. No terceiro
parágrafo da nota do editor ingles, bem ao fim da página 117 e início da página
118 da edição de 1996, encontramos a seguinte frase: “ele [Freud] descreve
instinto como sendo ‘um conceito situado na fronteira entre o material e o
somático’”.
Bem, não entraremos na
questão da tradução do Trieb por
instinto, mas focaremos em outro ponto – a fronteira entre o material e o somático. É absolutamente estranho. Freud sempre dizia que a pulsão
é o conceito limite entre o anímico e
o somático. Mas entre o material e o
somático? No texto freudiano original, nas três vezes em que esta frase surge
encontramos sempre algo como “Wir fassen
den Trieb als den Grenzbegriff des Somatischen gegen das Seelische” com pequenas
modificações. Nesta frase Seelische
seria o anímico e Somatischen o
somático.
Na versão inglesa de James
Strachey, na página 112 da edição de 1986, a frase que consta na nota do
editor, referente ao trecho que citamos diz: “he [Freud] describe an instict
as ‘a concept on the frontier between the mental and the somatic’”, no que
podemos ver claramente o mental e o somático.
A versão espanhola da
Amorrortu, na página 108 da versão de 1992, diz “define a la pulsión como ‘un
concepto fronterizo entre lo anímico y lo somático’”
O que temos então é que
apenas na versão brasileira encontramos um erro grosseiro de tradução, não
apenas mudando o anímico para o mental, o que poderia ser uma escolha ruim de
tradução, mas mudando o mental para o material, o que é inadmissível.
É interessante que a versão
do Luiz Hanns, tão cuidadosa com a escrita freudiana, cai no mesmo erro da
tradução brasileira, apenas copiando o erro de tradução da Edição Standard
Brasileira.
Bem, é isso. Abraços a
todos