Após
diversas discussões acerca do texto freudiano Pulsões e destinos da pulsão (1915), utilizaremos o texto Além do princípio do prazer (1920) como
complemento para o nosso estudo. O é do período de transição para a segunda
tópica de Freud, e nele serão inseridos conceitos como pulsão de vida e pulsão
de morte. Devido à extensão de tal texto, serão utilizados apenas fragmentos do
mesmo, destacando-se as passagens que estão mais próximas e de acordo com nosso
tema.
Nesse
sentido, Freud utiliza-se de conceitos da biologia e de observações clínicas
para fundar a ideia de compulsão à repetição, a qual remete a processos mentais
característicos da infância e de eventos no tratamento psicanalítico. A
repetição, no entanto, constitui-se como fonte de prazer. A partir de tais
considerações, Freud propõe que o impulso de restaurar aquilo que foi perdido é
comum de todos os seres vivos, sendo o componente pulsional um impulso inerente
à vida orgânica, que tem por objetivo “restaurar um estado anterior das coisas,
impulso que a entidade viva foi obrigada a abandonar sob pressão de forças
perturbadoras externas” (Freud, 1920/1996, p. 47).
Tal
estado anterior seria, portanto, a morte, pois “as coisas inanimadas existiram
antes das vivas” (Freud, 1920, p. 49). Não obstante, assim como existem pulsões
que nos direcionam a um estado inorgânico, há também aquelas que preservam a
vida por um maior período de tempo, seja no nível do Eu (pulsões de autopreservação)
ou da espécie (pulsão sexual). Nesse sentido, as pulsões de conservação
objetivam estender o caminho entre os dois pontos inanimados – aquele anterior
ao nascimento e o posterior à morte.
Durante
o texto, Freud irá adentrar em tais conceitos de forma detalhada e explicativa,
a fim de demonstrar que existem componentes psíquicos que se tornam uma exceção
à regra e trabalham para além do princípio do prazer, o que será discutido
posteriormente em nosso blog.