Como
já discutido anteriormente no blog, Freud se limita a discutir os percursos
pulsionais na reversão em seu oposto
e no retorno em direção à própria pessoa.
Se na primeira delas a mudança se remete à reversão da finalidade/meta da
pulsão, no retorno de uma pulsão à própria pessoa há uma mudança no objeto da pulsão. Por exemplo, nesse
último caso, enquanto o sadismo direciona esse objeto ao outro, no masoquismo
há o retorno na própria pessoa. Visto isso, “a essência do processo é, assim, a
mudança do objeto, ao passo que a
finalidade permanece inalterada.” (Freud, 1915/1996, p.132, grifos do autor)
Para
facilitar o entendimento dessa proposta nos opostos sadismo-masoquismo; podemos
utilizar a figura abaixo, que apresenta os três tempos do processo como um
todo:
No
primeiro tópico, o sadismo acontece quando alguém (sujeito, ativo) exerce poder
ou violência em relação a outrem (objeto, passivo); já no segundo, a própria
pessoa substitui esse lugar do objeto abandonando, havendo a modificação de uma
finalidade/meta ativa para passiva; no terceiro tópico, a partir dessa
alteração da finalidade da pulsão, aquele que era o objeto passa a ser quem
assume a parte ativa (sujeito) na relação e trata o antigo agente, agora
objeto, de maneira passiva. Assim sendo, a satisfação pulsional também continua
a mesma que no sadismo original.
É
preciso levarmos em consideração a atuação do segundo tópico também na pulsão
sádica encontrada na neurose obsessiva, porém, o percurso do processo se limita
ao segundo tópico, sem a atitude de passividade em relação a outrem, dando um
caráter de autopunição e não de masoquismo, haja vista que não há a busca de um
outro como sujeito para atuar de forma ativa.
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