Os motivos éticos e técnicos que impedem que esse amor seja dado a paciente tem como objetivo não perder de vista o cerne do tratamento que é o reestabelecimento dessa paciente diante dessas situações que ela atualiza no processo analítico. Ou seja, não esquecer que o ponto de tudo isso é justamente que essa paciente que encontra seu modo de amar prejudicado por suas fixações infantis, se emancipe e adquira um certo controle frente a esse conflito.
Freud aponta que, pode não ser uma tarefa fácil para o analista se manter entre esses limites da ética e da técnica, uma vez que “O amor sexual é indubitavelmente uma das principais coisas da vida, e a união da satisfação mental e física no gozo do amor constitui um de seus pontos culminantes.” (FREUD, 1915[1914]/1996, p.186). Mas volta ressaltar que é inteiramente impossível para o analista ceder a essas demandas. Há de se prezar sempre a oportunidade de ajudar a paciente naquela parcela decisiva de sua vida. É tarefa do analista que sua paciente aprenda com ele a superar o princípio do prazer e a ser conduzida por caminhos mais libertos do que aqueles primevos da infância que instauraram seu modo de amar.
Mais uma vez, o que de mais importante se exalta nesse fim de texto, é a recomendação diante da linha de ação do analista, ou seja, seu manejo do amor de transferência. O autor termina o texto enfatizando a importância não só de travar essa batalha contra ele mesmo, sua mente e tudo o que pode rebaixá-lo a um nível não analítico mas de também controlar essa poderosa e explosiva ferramenta que se dá no amor transferencial.
O psicanalista sabe que está trabalhando com forças altamente explosivas e que precisa avançar com tanto cautela e escrúpulo quanto um químico. Mas quando foram os químicos proibidos, devido ao perigo, de manejar substâncias explosivas, que são indispensáveis, por causa de seus efeitos? (FREUD, 1915[1914]/1996, pp.187-188)